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Matérias / Inteligência Artificial

Quem tem medo da IA?

Entenda o papel e os desafios da literatura com o avanço da inteligência artificial

Paulo P. Nascentes* Publicado em 20/05/2025, às 14h00

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Imagem ilustrativa - Getty Images

O que é essa tal Inteligência Artificial? O desafio de escrever sobre "O papel e os desafios da literatura com o avanço da Inteligência Artificial (IA)" me trouxe à cabeça um turbilhão de perguntas, mas meu coração se alegrou.

O cérebro, afogado em perguntas. Mas, o coração nadava em felicidade! O primeiro, na paralisia do medo. O coração, exultante, apostando no aprender! O centro cardíaco, sabendo que na nossa juventude não tinha essa moleza de IA, já fazia planos. Queria se divertir um pouco. Como coração, cheio de amor, arriscou: E se? E se nos divertíssemos pedindo à IA um esquema de conteúdo? Coragem é coração que age.

A proposta de esquema veio em poucos segundos. Proponente, o Copilot parecia feliz. No entanto, nunca renunciaria à autoridade do meu coração, que considero o verdadeiro Autor. Vamos combinar: Quem se julga sem talento para obras literárias experimente criar um poema, conto, crônica, romance, novela com o auxílio da IA. Que tal?

O que diz o Copilot deste texto-aeronave merece aspas. “Inteligência Artificial (IA): ramo da ciência da computação que se concentra na criação de sistemas capazes de realizar tarefas que normalmente requerem inteligência humana. Isso inclui habilidades como aprendizado, raciocínio, percepção, compreensão de linguagem natural e tomada de decisões.” Como se sente, Copilot, com o crédito de autoria?

O Papel da IA na Literatura

Ri em silêncio: gerar conteúdo literário com IA seria fácil, rápido. Depois, no entanto, haja talento, insight, intuição e malícia para dali se chegar ao texto com o mínimo de literariedade.

O que acontece ao texto poético quando disposto em parágrafos como prosa? Deixa de ser poesia pela simples mudança gráfica? A poesia que habita bons poemas se esfumaçaria ao ganhar feições de prosa? Pensemos juntos, leitor, leitora! Só agora ferramentas de IA para escritores, como assistentes de escrita e corretores gramaticais, começam a mostrar a que vieram, depois de muito ensaio e erro!

Desafios e Controvérsias: aspectos éticos e legais

Questões de originalidade e autoria na certa virão ao debate. Quem é o autor? O mero organizador de catalogados esquemas? Qual o impacto disso na profissão de escritor? Como ficam a qualidade e a profundidade do conteúdo gerado por IA? Competem com humanos?

Respiração longa e lenta, medite e deixe suas impressões nos comentários, como nas antigas “Cartas dos Leitores”. Afinal, ainda não existiam e-mails e redes sociais?

Aprofundemos nossas reflexões: como ficam os direitos autorais e de propriedade intelectual, previstos no Código Civil e dispositivos legais específicos? Como fica a transparência no uso de IA na criação literária? Afinal, a quem cabe a responsabilidade pelo conteúdo gerado por IA?

O Futuro da Literatura com IA

Ao legislador cabe a tarefa de descobrir tendências, fazer previsões e enquadrar o novo no ordenamento jurídico com as possíveis mudanças na forma de consumir e produzir literatura.

Às novas gerações caberá, à luz dos ensinamentos da Ética, gerir essas e outras questões. Ou não! Como o Direito se consubstancia nos valores da sociedade, quem saberá dizer com toda certeza quais costumes serão conservados, quais abolidos?

Como gerir a integração da IA com outras tecnologias, como realidade aumentada e realidade virtual, se até a moeda que sai do seu bolso para os meus, ao comprares meus livros (não deixe de comprá-los!), não a de algoritmos gerados pela computação (quântica?) do sistema bancário?

Conto experiência recente: curioso, peguei cinco poemas meus e alimentei o mencionado aplicativo de IA. Propus: estude os cinco poemas quanto a estilo, características textuais, temática, ritmo, rimas, imagens literárias e crie uma proposta de poema que eu reconheça como meu. Que decepção com o poema gerado num piscar de olhos! Senti a frieza da altitude na Cordilheira dos Andes. Gelei: vai dar trabalho fazer disso um poema. Fui em busca da poeticidade perdida. Eis o poema, agora refeito, sem cicatrizes:

POETICIDADE

Poesia que qualidade tem? alguma cor? / será branca a poesia? e se violeta for? / quanta qualidade o poema? Poesia quão necessária? / cometes poemas? quão de Poesia o poema em si? / como não sei isso, volto à pergunta inicial / pode secar a fonte da Poesia? ou como o feminino / parece sem fim? / quanto no poema é cor se não instiga / rumo, emoção, algum tremor? / a quem o poema atinge se vermelho finge? / alaranjado, fica poema de pé? / se amarela como é que é? / quanto se perde num poema verde? / onde repousa a Poesia, de onde veio / se não do seio do Espírito?

Conclusão

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Capa do livro 'Rabiscos Poéticos de um Sem Noção' - Divulgação

Resuma os pontos principais — eis o que me aconselha com sapiência invulgar o roteiro gerado pela IA, vulgo Copilot. Apesar da prontidão prestativa do copiloto, o comandante deste voo sou eu! Você aceitou o desafio: “cometeu” um poema, conto, crônica, ensaio, artigo polêmico? É preciso alguma graça, senão o leitor pega o boné e sai! Vai ficar pregando sozinho no deserto, vai?

Muita reflexão sobre o equilíbrio entre inovação tecnológica e preservação da criatividade humana precisa rolar. Imagine você, mestrando, doutorando, se escolhesse tema assim para a sua dissertação, tese, artigo em colaboração com o orientador. Você usaria essa inovação? Em que medida usaria sua intuição, pesquisa, talento único, criatividade, caro humano?


*Paulo P. Nascentes é poeta, mestre em Letras e docente emérito de Português e Esperanto no Instituto de Letras da Universidade de Brasília (UnB). Autor de “Rabiscos poéticos de um sem noção”, também é terapeuta transpessoal e pós-graduado em Psicologia Analítica e Arteterapia.