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Notícias / Arqueologia

O Príncipe do Gelo: Enterro de criança revela rituais de 1.350 anos atrás

Descoberto em um túmulo selado com gelo o corpo de um menino de 18 meses, ricamente vestido e enterrado com símbolos de poder e fé

Gabriel Marin de Oliveira, sob supervisão de Fabio Previdelli Publicado em 26/05/2025, às 16h15

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Túmulo de criança com restos congelados - Divulgação/Bayerisches Landesamt für Denkmalpflege
Túmulo de criança com restos congelados - Divulgação/Bayerisches Landesamt für Denkmalpflege

Em uma descoberta de rara delicadeza e significado histórico, arqueólogos alemães revelaram os detalhes de um sepultamento infantil ricamente ornamentado, datado de mais de 1.350 anos atrás, nas profundezas do sul da Alemanha.

O menino, que ficou conhecido como o "Príncipe do Gelo de Mattsies", foi encontrado próximo à vila bávara de Mattsies, em Unterallgäu, em uma tumba cuidadosamente preservada.

A criança, que viveu entre 670 e 680 d.C., tinha cerca de 18 meses de idade quando morreu devido a uma infecção crônica originada de uma otite não tratada, uma condição comum e muitas vezes fatal na Europa pré-moderna. Apesar de sua curta vida, o sepultamento revela que ele pertencia a uma família de altíssimo status social.

"Essa descoberta é extraordinária não apenas pelo estado de preservação, mas pela história humana que ela nos conta", afirmou o professor Mathias Pfeil, diretor do Escritório Estadual de Preservação de Monumentos da Baviera (BLfD), que liderou os estudos desde a descoberta em 2021.

Para evitar qualquer dano aos frágeis vestígios, os arqueólogos adotaram uma abordagem inédita: congelaram toda a câmara funerária em um bloco de gelo e a transportaram intacta para um laboratório especializado em Bamberg. A técnica permitiu uma análise detalhada de cada elemento do túmulo — um verdadeiro instantâneo da vida e da morte no início da Idade Média.

Detalhes

O menino foi enterrado sobre uma pele de animal, vestindo calças, túnica de linho com mangas de seda, sapatos de couro e braceletes de prata, além de carregar na cintura uma espada simbólica decorada com ouro, objetos claramente cerimoniais.

Elementos cristãos primitivos também estavam presentes, como duas tiras de folha de ouro dispostas em forma de cruz sobre um pano, refletindo a transição religiosa e cultural da época.

O túmulo foi construído em pedra, selado com argamassa de cal — um método sofisticado e raro para o período — e ou por duas reformas posteriores, sugerindo que o local se tornou um memorial duradouro. Curiosamente, ele foi instalado sobre os restos de uma antiga vila romana, reforçando o elo entre o Império em decadência e as novas elites germânicas que emergiam.

Foto
Detalhes do túmulo - Bayerisches Landesamt für Denkmalpflege

Aos pés do menino, dispostos sobre uma esteira trançada, foram encontrados objetos de banquete: uma tigela de bronze, um recipiente de madeira, uma taça com prata, frutas secas como maçãs, peras e avelãs, e ossos de leitão, outrora confundidos com restos de cães. Esses itens reforçam a hipótese de um banquete funerário cerimonial, indicando práticas de luto elaboradas e profundamente enraizadas na cultura da elite local.

Segundo o 'Archaeology News', análises genéticas indicam que o menino tinha olhos azuis e cabelos claros e provavelmente nasceu e foi criado na própria região onde foi sepultado, o que sugere estabilidade territorial e uma rede de poder local bem estabelecida.

"O Príncipe do Gelo é uma chave para compreendermos não só os rituais de morte, mas também o modo de vida das elites germânicas do século 7", explicou Pfeil. "A forma como ele foi homenageado nos mostra o desejo universal de lembrar, preservar e venerar aqueles que se vão — mesmo quando viveram por tão pouco tempo".