Lanças de madeira pré-históricas encontradas há mais de vinte anos em Schöningen, na Alemanha, podem ser muito mais antigas do que se pensava
Redação Publicado em 12/05/2025, às 12h43
Lanças de madeira pré-históricas encontradas há mais de vinte anos em Schöningen, na Alemanha, podem ser muito mais recentes do que se pensava. Inicialmente datadas entre 300 mil e 400 mil anos atrás, as armas agora são estimadas em cerca de 200 mil anos, segundo um estudo publicado na Science Advances.
Essa revisão coloca sua autoria não mais em Homo heidelbergensis, mas nos neandertais, oferecendo novas pistas sobre a sofisticação cognitiva e social desse grupo. Os artefatos, feitos de madeira de abeto e pinho, foram descobertos na década de 1990 em uma mina de carvão a céu aberto, ao lado dos restos de cerca de 50 cavalos selvagens.
O excelente estado de conservação do material tornou o sítio de Schöningen conhecido por abrigar as armas de caça de madeira mais bem preservadas do período Paleolítico. Na época, análises de sedimentos indicaram uma idade compatível com H. heidelbergensis, espécie considerada ancestral comum de humanos modernos e neandertais. Avanços nas técnicas de datação, no entanto, levaram a novas conclusões.
Segundo o site Archaeology News, uma equipe liderada pela arqueóloga Kirsty Penkman, da Universidade de York, aplicou um método de geocronologia baseado em aminoácidos, utilizando conchas fossilizadas de caramujos de água doce encontradas na mesma camada que as lanças.
Os resultados indicaram que o material tem aproximadamente 200 mil anos, situando-o no Paleolítico Médio — período associado à emergência de comportamentos mais complexos entre os neandertais.
Para Olaf Jöris, coautor do estudo e pesquisador do Centro Leibniz de Arqueologia, a nova datação resolve contradições anteriores: os artefatos estavam bem preservados, mas não se encaixavam cronologicamente com outros vestígios do mesmo período.
Com a atualização, Schöningen a a integrar um corpo crescente de evidências de que, já nessa época, os neandertais adotavam estratégias de caça coletiva e apresentavam formas elaboradas de cooperação social.
A proximidade do sítio com um lago e a grande quantidade de ossadas de cavalos também levaram os pesquisadores a sugerir que os animais possam ter sido encurralados de forma estratégica.
