Em 1922, o arqueólogo britânico Howard Carter descobriu no Vale dos Reis, no Egito, a tumba de Tutancâmon — que até hoje abriga segredos
Publicado em 20/05/2025, às 16h00
Em 1922, o mundo se maravilhou com a surpreendente descoberta feito pelo arqueólogo e egiptólogo britânico Howard Carter: a tumba do lendário "menino-rei", o faraóTutancâmon.
Feita apenas no último século, esta é uma das descobertas arqueológicas mais importantes da história, revelando uma série de artefatos que ajudaram a compreender mais sobre os rituais e a vida cotidiana dos faraós, além de seu bom estado de preservação.
Porém, mesmo mais de um século após a descoberta, ainda existem muitos mistérios em torno da tumba, localizada no Vale dos Reis — que abrigou vários faraós e poderosos nobres do Reino Novo entre os séculos 16 e 11 a.C. — na margem oeste do Rio Nilo e no centro da Necrópole de Tebas.
E algumas teorias acreditam que ali ainda pode estar o local de sepultamento da também famosa rainha Nefertiti, conhecida por realizar a revolução religiosa no Egito Antigo, ao lado de seu marido, o faraó Amenófis IV — mais conhecido como Aquenáton, e pai de Tutancâmon. Entenda!
Recentemente, o arqueólogo e egiptólogo britânico Nicholas Reeves apresentou uma teoria de que o famoso cemitério descoberto por Carter, há um século, não contém uma, mas duas câmaras secretas.
E uma dessas câmaras, ele acredita, pode ser o local de sepultamento da rainha Nefertiti, que até hoje é um grande mistério arqueológico. Sua teoria, conforme repercute o All That's Interesting, se baseia em escaneamentos de alta resolução das paredes da tumba.
Foi descoberto que, há três mil anos, invasores descobriram o sarcófago do faraó Horemheb após derrubarem uma parede falsa, adornada com uma cena pintada — decorações estas que, inclusive, se assemelham às da tumba de Tutancâmon. Logo, isso pode indicar que, no local, pode haver mistérios por trás de pinturas que foram preservadas.
"A [evidência] mais óbvia é uma linha esculpida que atravessa o teto de pedra da câmara funerária de Tutancâmon", repercute Peter Hessler, da National Geographic. "Linhas como esta são feitas quando trabalhadores usam formões para moldar o ângulo reto entre o teto e a parede, e essa marca percorre toda a extensão da antecâmara".
"Mas, como a antecâmara se abre para a sala funerária", continua, "essa linha cinzelada continua reta no meio do teto. Não há razão lógica para ela estar ali, a menos que a câmara funerária fosse originalmente parte de um corredor mais longo que posteriormente foi alargado em uma seção".
Além disso, Reeves também acredita que a pintura encontrada na parede da sala do sarcófago de Tutancâmon foi mal interpretada. Isso porque, para ele, a pintura não representa o rei-menino recebendo o ritual de morte de "abertura da boca", como geralmente se pensa, mas sim a própria Nefertiti.
Essa teoria corrobora justamente com sua hipótese de que, originalmente, o túmulo do rei Tut foi planejado para Nefertiti; porém, como ele morreu antes, inesperadamente aos 19 anos, acabou sendo enterrado lá mesmo. Outro aspecto que Reeves destaca é que a máscara funerária de ouro associada a Tut foi projetada com furos para brincos, que os faraós homens não usavam.
Agora, Reeves planeja utilizar de novas tecnologias de radar e imagem térmica para tentar estudar melhor o que pode haver por trás das paredes em novembro. Ele suspeita que uma das câmaras possa ser apenas um depósito, mas realmente espera encontrar um sarcófago na outra.
No entanto, embora ele aponte para Nefertiti, quem pode ter sido mumificado e depositado na parede norte da tumba ainda é motivo de especulação. Fora a rainha, outros arqueólogos levantam a hipótese de que ali pode estar o faraó Smenkhkare ou a rainha Meritaton, irmã de Tutancâmon.
Vale mencionar ainda que Reeves também tem uma opinião controversa sobre isso, acreditando que Smenkhkare, antecessor de Tutancâmon, Nefertiti e outro faraó chamado Neferneferuaton podem ser todos a mesma pessoa. Isso porque Nefertiti apenas desapareceu, e Reeves acredita na possibilidade de ela ter adotado nomes diferentes, em momentos distintos de sua vida.
Embora já tenha sido encontrada há mais de 100 anos — pelo arqueólogo britânico Howard Carter, em 1922 —, a tumba do "faraó menino" Tutancâmon ainda é envolta em muitos mistérios e teorias. Uma delas sugere, inclusive, que duas de suas paredes podem abrigar câmaras até hoje desconhecidas, uma das quais o pesquisador Nicholas Reeves acredita inclusive que pode abrigar a sepultura da famosa rainha Nefertiti.
