O desaparecimento de Josef Mengele traça a odisseia da fuga do Anjo da Morte pela América do Sul
Joseane Pereira Publicado em 01/10/2019, às 08h36
Após a vitória dos Aliados, os oficiais nazistas tinham 3 opções: cometer suicídio, se entregar ou fugir. Josef Mengele escolheu a terceira.
E essa fuga é o que o jornalista e escritor Olivier Guez descreve em "O Desaparecimento de Josef Mengele", obra que refaz a odisseia do ex-médico e torturador de Auschwitz, que acredita poder recomeçar sua vida na América do Sul.
Desembarcando na Argentina em 1949, ele acaba fugindo para o Paraguai e depois para o Brasil, onde morre misteriosamente em uma praia, no ano de 1979. Mas como um médico da mais cruel organização nazista pôde ar despercebido por 30 anos? É isso o que o livro de Guez pretende responder.
Confira na íntegra um trecho do livro:
"O North King rasga a água barrenta do rio. Encarapitados no convés, seus ageiros escrutam o horizonte desde o raiar do dia e, agora que os guindastes dos estaleiros e a linha vermelha dos armazéns do porto perfuram a bruma, alemães entoam uma canção militar, italianos se persignam, judeus rezam e, a despeito da chuva fina, casais se beijam, o transatlântico chega a Buenos Aires após três semanas de travessia. Na amurada, Helmut Gregor rumina.
Esperava que uma lancha da polícia secreta viesse pegá-lo, evitando-lhe as chateações da alfândega. Em Gênova, onde embarcou, Gregor pediu a Kurt que lhe fizesse esse favor; apresentou-se como cientista, um geneticista de alto gabarito, e lhe ofereceu dinheiro (Gregor tem muito dinheiro), mas o ‘coiote’ se esquivou, sorrindo: esse tipo de credencial é reservado aos peixes graúdos, aos figurões do antigo regime, raramente a um capitão da SS. Em todo caso, escreverá um telegrama para Buenos Aires, Gregor pode contar com ele."
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