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Notícias / Arqueologia

Relevo revela mais sobre relações no Mediterrâneo durante a Idade do Ferro

Descoberto na Espanha, relevo de Carpetania revela mais sobre comércio e redes culturais do Mediterrâneo durante a Idade do Ferro Tardia

Éric Moreira
por Éric Moreira

Publicado em 09/06/2025, às 12h25

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Relevo da Estrutura 2 de El Cerrón - Divulgação/Antiquity/Sánchez de Oro et al.
Relevo da Estrutura 2 de El Cerrón - Divulgação/Antiquity/Sánchez de Oro et al.

Recentemente, pesquisas arqueológicas no sítio de El Cerrón, em Illescas, Toledo, na Espanha, estão remodelando as visões tradicionais da antiga Carpetania, uma região central ibérica que, por muito tempo, foi considerada culturalmente marginal. Um relevo encontrado no local pode revelar mais detalhes sobre como eram as relações entre grupos pela região durante a Idade do Ferro.

O estudo, publicado na revista Antiquity, foi liderado pelo pesquisador Pablo Sánchez de Oro, da Universidade Autônoma de Madrid, e apresenta evidências sólidas para propor que a elite local de Carpetania esteve ativamente envolvida no comércio e nas redes culturais do Mediterrâneo, na época da Idade do Ferro Tardia, entre os séculos 4 a.C. e 1 a.C..

No centro da descoberta, está um relevo de terracota encontrado na Estrutura 2, que arqueólogos interpretaram como sendo parte de um santuário. O artefato representa uma procissão que conta com um grifo carregando uma flor de lótus, condutores de quadrigas puxadas por cavalos e, ainda, uma figura humana segurando o que pode ser uma lança.

Essa iconografia, repercute o Archaeology News, é típica da arte mediterrânea, com paralelos ao longo de toda a costa ibérica e norte da Itália. Ambas estas regiões, porém, são distantes da localização interior de El Cerrón, a mais de 300 quilômetros do mar.

O fato de este relevo em estilo mediterrâneo ser encontrado tão distante do mar, no interior da Espanha, é bastante significativo para os pesquisadores. Isso torna este artefato em um dos exemplos mais claros do uso de imagens estrangeiras pelas antigas elites do interior para afirmar seu poder — elites estar que, vale mencionar, não eram meras imitadoras, mas participantes ativas na criação da paisagem cultural de seu tempo.

As escavações de El Cerrón ainda revelaram várias fases de construção, com estruturas retangulares com fundações de pedra e paredes de adobe. Sob a Estrutura 2, também foram encontradas evidências de atividade ritual da Estrutura 1, na forma de uma lareira central, e evidências de queimadas, possivelmente associadas a tensões sociais regionais durante o século 4 a.C..

Além disso, descobertas como cerâmica de estilo ático, uma fíbula de bronze em forma de cavalo — provavelmente produzida no norte da Itália — e outros itens também sugerem ainda mais o o e o envolvimento da elite carpetana com mercados estrangeiros. Vale reforçar que estes artefatos não foram meramente copiados, mas sim adotados seletivamente como forma de reforçar a legitimidade e o status da elite local.

Transformação social

Historicamente, a Carpetania foi vista por historiadores como uma região culturalmente atrasada, influenciada por sociedades vizinhas maiores e mais proeminentes, como os celtiberos e os vetões. Porém, o novo estudo contesta essa suposição.

Isso porque, agora, os autores argumentam que as elites da Carpetania adotaram conscientemente símbolos e costumes mediterrâneos não apenas por questões estéticas, mas também para fortalecer uma espécie de autoridade social e política em suas comunidades.

Dessa forma, nota-se uma mudança no padrão de povoamento durante esse período, de planícies para topos de colinas fortificadas, o que é reflexo de uma mudança social mais ampla nessa sociedade. Com o crescimento da população e da produção de alimentos, a competição e os conflitos se intensificaram, e a construção estratégica de santuários e identificação de símbolos mediterrâneos sugerem um uso mais sofisticado de ferramentas culturais com fins políticos.

Agora, os pesquisadores apontam para a necessidade de reexaminar certos pressupostos históricos: "Nossas descobertas destacam a necessidade crítica de desafiar pressupostos de longa data e confrontar vieses que moldaram os estudos de interação no Mediterrâneo, especialmente no que diz respeito a distritos tradicionalmente rotulados como 'marginais'", escreveram os autores do estudo em comunicado.